Minha mulher entrou na loja de calçados e de cara não gostou de nenhum modelo. A vendedora tentando ser amável saiu mostrando outros modelos, mas nenhum modelo satisfez; então tentando não perder a venda e achando que o problema fosse os preços elevados, convidou-a a visitar a seção dos calçados mais baratos e em dado momento tentou colocar adjetivos em um modelo simplório. Insistiu tanto que acabou por ouvir motivo da recusa.
     - É muito sem graça, a costura é feia, o acabamento é sofrível...
     Nesse momento o gerente (e dono da loja) que não tinha acompanhado o atendimento, ouvindo apenas as últimas críticas interfere em tom de agressão:
     - Também por esse preço, você queria o quê?
     O que abundou de grosseria por parte do Gerente faltou de firmeza da vendedora pra esclarecer a situação.
     Minha mulher ainda pensou em formular uma reclamação, mas reclamar à quem, se era o próprio dono o inimigo dos clientes...
     A loja não durou mais nem dois anos e garanto a vocês que não foi praga rogada. O dono da loja mesmo tendo herdado do pai um destaque no comercio local de fazer inveja a qualquer um, foi visto algum tempo depois atrás de um balcão de uma loja de terceira categoria...
     O título original dessa simplória crônica era "Herança e Erdeiro"...