Pau de Bosta
Não se trata de conotação alguma. Podem ficar tranquilos os mais conservadores!...
Era uma brincadeira contemporânea da outra sobre a qual escrevi uma crônica aqui mesmo: "Mão no bolso". Muito menos violenta, infinitamente mais nojenta, mas muito mais engraçada, até porque tinha plateia e tudo.
Geralmente à noite e em locais pouco iluminados, dois moleques começavam a discutir com muito xingamento e provocação até que se juntasse em torno deles vários outros garotos. E como nesse caso quase todos queriam ver uma, ao invés de apartar a molecada até incentivava mais a briga. E assim discutiam até criar um clima de briga mesmo e, nesse instante um se afastava dizendo "Espera aí que tu já vai ver..." e voltava com um pedaço de pau roliço mais ou menos do tamanho de um cacetete policial.
O moleque desarmado xingava o outro de covarde, por estar portando o cacete. Nesse momento o menino armado fala pra outro moleque que estivesse próximo, mas sem nenhuma participação na discussão:
- Segura esse pau aqui que vou mostrar pra esse viado quem é covarde aqui - e estendia o cacete de forma que o outro o pegasse no local bem próximo de sua mão.
Quando o garoto segurava o pau o que tinha a posse puxava com toda a rapidez de forma que o coitado esfregasse a mão sobre todo o restante da superfície do cacete.
E aí estava o segredo da brincadeira: o pau estava todo sujo de fezes de cachorro, gato ou mesmo de gente. Então os que tinham armado a brincadeira gritavam eu uníssono "Pau de Bosta!" e disparavam a correr.
Normalmente a brincadeira parava por aí. Apenas eventualmente acontecia alguma represália mais nada que merecesse sequer a interveniência dos pais dos envolvidos.
Eu nunca participei, como também nunca foi pego na tal brincadeira. Mas confesso que gostava de ver aquilo tudo da mesma forma que gostaria que hoje as brincadeiras fossem tão somente violentas quanto aquelas...
Chico Chagoso
Enviado por Chico Chagoso em 28/11/2011
Alterado em 28/11/2011