O horário limite para os lançamentos contábeis do dia aproximava-se  como água morro  a baixo e eu não conseguia falar com o Umbelino, nosso colega de Cuiabá que, além de fiscalizar os lançamentos contábeis, também nos dava "aquela força" pra que tudo se resolvesse. Aí então pedi pra telefonista  "encontrar" o tal colega. Um minuto depois, com a ligação completada, a coisa começou a melhorar...
-   Umbelino! Aqui Chagas da "Centro Porto Velho". Tudo bem contigo?
-   Tudo bem! -
     Não tava! Umbelino, apesar da seriedade com que tratava os assuntos de trabalho, mesmo assim era muito educado e expansivo. Pelo menos um "Tudo bem! E você?", teria saído!
-    Desculpa eu tá te ligando a essa hora é que não consegui ligação antes e como sei que seu horário já está terminando, não fiz cerimônia. É o seguinte: deixa eu ir logo ao ponto. Posso falar?
-     Pode!
      Eita que a cosa não tava muito boa, Umbelino nuca fora lacônico. Mesmo no último minuto do segundo tempo ele usava frases completas. enxutas, sim, mas bem construídas. O momento, todavia, não me permitia conjecturar.  Eu precisava fechar o balancete ou, mas precisamente, o balancete precisava ser fechado, pois estávamos no dia "D+2, limite absoluto da normalidade contábil. E "balancete é  om balancete", como o próprio Umbelino dizia. ...multiplamente fiscalizado, inclusive por auditoria externa, sob a ótica do código de Basiléia, etc. etc. Continuo a conversa.
-    Pois bem lembra daquela diferença do dia 15.
-    Hummm!
-    Pois é! Apareceu de novo. E como eu não esperava por ela, sequer procurei. Posso Lançar naquela conta transitória própria prá isso e amanhã a gente faz o lançamento correto, na conta certa?
-    Pode! Pode sim.
     Inacreditável! Umbelino não fez sequer uma objeção. Aceitou de cara. Algo estranho estava acontecendo. Muito estranho!
-     Você tá lembrando o valor, não? De R$ 1 mil e poco?
-     Como?
-    R$  1.237,13 ?
-    Só isso?
-    É! Era essa a diferença!
-    Eu tava esperando mais. Mas tudo bem pode lançar. Depois a gente ver direito aí.
-    É a débito, viu?
-    Não! A débito não! Nem tenho esse valor disponível! Alem do mais pelas minhas contas dá muito mais que isso.
     Pronto! Agora o Umbelino não tava falando coisa com coisa... Mas pelo menos ele estava acompanhado a diferença. E que acompanhamento: sabia até o valor . Mas de qualquer forma estava muito estranho. Seria outra pessoa que estava substituindo sua vaga? Resolvi confirmar!
-    Quem tá falando é o Umbelino mesmo?
-    Sim! Sou eu mesmo! O "Seu Belinho" o "faz-tudo"... Olha esse mês, nas minhas contas, vocês já tão me devendo mais de dois mil e duzentos reais, fora o serviço que eu fiz para a empresa de limpeza.... e aqueles armários que eu levei pro depósito da AABB, que nem cobrei ainda... Esse negócio de  debitar minha conta tá errado. Não vou aceitar não...
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PS A partir desse dia sempre brinco com seu Belinho ao elogiá-lo, do tipo. "Seu Belinho! Sabe tudo! Só não sabe fechar balancete!"; "Pode fazer o lançamento, mas a débito da sua conta não, né Seu Belinho?", "Seu Belinho faz tudo. Até fechar balancete ele quase fechou!"