Logo que chegou em Porto Velho, meu cunhado, que ainda mora conosco, se aventurou numa tarde de sábado pelos botecos da periferia... Gostou tanto que esqueceu completamente a hora. O primeiro pensamento foi de que ele estivesse perdido, então fiquei bastante tempo tentando ligar para seu celular, até que finalmente atendeu, com a voz que denunciava seu elevado estado etílico.
- Você está perdido? Quer que eu vá lhe apanhar aí? - Perguntei
- Não! Não, pode deixar ei sei onde estou.
- E onde você está?:
- Aqui no final da (rua) Amazonas, com a Raimundo Cantuária,na Zona Sul.
- A Rua Amazonas não cruza a Raimundo Cantuária: são paralelas! E também não passa na Zona Sul.
- Não? Mas eu tou aqui mesmo.
- Acho que você está perdido mesmo. Me diz alguma referência pra eu te localizar.
- Eu num tô perto de nada, não, viu. Pode deixar que eu me viro.
Eu vendo que ele não queria muito papo, mas sabendo que estava perdido tentei ainda mais.
- Eu vou te buscar. Me diz alguma coisa desse lugar, tem alguma placa? Tem alguem perto pra eu falar...
- Não! não tem niguém não. Nem placa também não.
Nesse momento minha mulher chegou e dei-lhe conta do ocorrido. Ela pegou o telefone e já foi alfinetando:
- Ou meu irmão isso são horas de você tá na Rua bebendo, num lugar que você nem conhece?
- Eu conheço sim.
- Então me diz sem rodeio, onde você está?
- Eu tô aqui, no "Urubu com feijão e arroz".
- Não seria "Urubu com Chicória" - tentou associar ao nome de um clube que não consta nas guias de turismo.
- É isso aí!
- E o que você tá fazendo aí? Já são quase duas horas da manhã! Além de tudo bêbado!
- Ora fazendo o quê! Você não sabe?
- Fique aí que nós já vamos lhe pegar. Não saia daí!
- Não! Não venha não, que eu tô procurando emprego...