Certo dia atendi um telefonema que era para um amigo meu, o Raul. Uma moça de voz melosa e toda cheia de intenções fez algumas perguntas bem típicas a respeito dele. Pedi que aguardasse e fui informá-lo. Ele estava meio ocupado e quis saber do que se tratava. Quando disse-lhe das prováveis intenções da moça ele foi curto e preciso: "Pode desligar! Eu não quero falar com ela!". Dei uma desculpa de findei a ligação.
     Uma meia hora depois a ligação retornou e o dito colega estava na sala nesse momento. Então não foi possível deixar de ouvir o que ele disse: "Querida! Você me desculpe, mas eu não conheço você...". silêncio... "Pois é. Mas acontece que eu já sou casado e não tenho a menor intenção em lhe conhecer melhor! Entenda não é nada pessoal! Quero até pedir desculpas se causei uma impressão diferente do que realmente eu queria. Eu sempre trato meus clientes com muito carinho, mas é só isso! Realmente sou casado e amo minha esposa! Tá Bom? Vou desligar!". E desligou.
     Como não costumo destampar panela fervendo, aguardei o momento mais adequado para especular o assunto. "Pois é...", disse ele, "...essa cliente cismou de sair comigo depois de um atendimento que fiz pra ela. Eu já vinha desconfiando das intenções dela e agora, dessa vez, fiz questão de esclarecer tudo. Espero que ela não insista.". "Poxa, você é fiel mesmo, à sua esposa!", quis alongar a conversa. "É meu amigo. Eu sou filho único e meus pais já não estão vivos... o mesmo acontece com minha esposa: Só temos um ao outro. Não posso nuca trair minha amada; não quero correr o risco de perder tudo isso... Tudo que faço é com ela e olha lá se não for "para" ela. Agora mesmo vou passar ali no supermercado e comprar umas coisinhas, que ela adora, pra fazer uma surpresa... sei que ela vai ficar feliz. E ela ficando, eu também fico. E você que saberm mais?: Esse meu amor é reciprocamente recíproco. Você precisa ver o zelo e carinho da minha esposa para comigo e para com minhas coisas. Ela trabalha igualzinha a mim. Mas faz questão de lavar minha roupa, limpar meus sapatos cuidar da minha aparência e ainda por cima não deixa ninguém preparar a minha comida. Ela faz tudo do jeitinho que eu gosto.  Agora, daqui a pouco, quando eu chegar em casa, a primeira coisa que ela vai fazer é retirar, limpar e guardar meus sapados, depois vai me entrega uma toalha e roupa limpinhos para meu banho, sem falar na comida já na mesa esperando..."
     Naque dia até achei que tudo aquilo tinha um pouco de exagero e acabei esquecendo do episódio. Numa outra ocasião quando boa parte dos colegas se reuniram num sábado na minha casa, inclusive o Raul, bebemos muito o dia todo e quando já se aproximava da meia-noite o telefone do Raul tocou. Novamente, não intencionalmente,  ouvi parte de sua conversa: "Não, meu amor! Tá tudo bem! Estou com uns amigos na casa do Chagas, talvez ainda demore um pouco... ... ... Não pode deixar! Eu tenho carona... ... Então tá se você insiste, pode vir daqui uma meia hora"
E aí meio que explicando: "Minha esposa tava preocupada, esqueci de avisar que vinha pra cá e ela está com o carro. Ela se ofereceu pra vir me buscar... Tá vindo aí! É por isso que eu amo essa mulher"!. Aí eu pensei: "É mas dessa vez não vai sair barato não".
     Meia hora depois chegou a amada do Raul, toda risonha e perguntando em tom de brincadeira: "Esse moço não acerta o caminho de casa não?" e complementou... "Mas eu compreendo: É tão difícil ele sair com os amigos... eu até me sinto um pouco culpada..." E depois das despedidas foram embora felizes, um levando o outro (a bem da verdade ela era que estava levando)
     Meu amigo Raul continua feliz com sua amada em juras de amor eterno... Parabéns ao casal, que sejam cada dia mais felizes e sirvam de exemplo para muitos outros casais...