Minicrônica
A festa ia animada até que o Calebe, de um ano e meio, àquela época, descobriu onde tinha um montão de gelo: No isopor bem a seu alcance, ou melhor, bem a sua altura: No chão. Melhor: Descobriu também que apesar da aparência rústica aquela tampa enorme que escondia tudo, ela era tão leve que ele conseguia erguê-la com apenas uma mão, o que deixava a outra totalmente livre para pescar quantas pedras quisesse. Vendo que o filho não parava, o pai dele logo ralhou fortemente:
— Calebe! Já chega!
Dizem os estudiosos que os gatos não entendem uma repreensão ou castigo. Quando um humano age nesse sentido eles pensam algo como: "Que que está acontecendo? Enlouqueceu?". E tão cedo quanto possível voltam a fazer o que faziam antes. Foi exatamente esse pensamento que o Calebe teve enquanto fitava seu pai na mais perfeita perplexidade. Isso provocou uma justificativa por parte do pai.
—Você já tem bastante aí - apontando para algumas pedras que ele já tinha separado sobre um guardanapo.
A criança ainda não falava, óbvio, mas o que fez de imediato, dispensou qualquer palavra: De um só puxão no guardanapo atirou longe todas a pedrinhas de gelo e, removida a obstância, voltou-se para o isopor, para apanhar outras, sem sequer olhar para seu pai.
Original enviado há exatamente uma década, em 12/09/2012: Peraltices do Calebe III