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Peraltices do Calebe III - Edição Revisada

Minicrônica

 

     A festa ia animada até que o Calebe, de um ano e meio, àquela época, descobriu onde tinha um montão de gelo: No isopor bem a seu alcance, ou melhor, bem a sua altura: No chão. Melhor: Descobriu também que apesar da aparência rústica aquela tampa enorme que escondia tudo, ela era tão leve que ele conseguia erguê-la com apenas uma mão, o que deixava a outra totalmente livre para pescar quantas pedras quisesse. Vendo que o filho não parava, o pai dele logo ralhou fortemente:

 

     — Calebe! Já chega!

 

     Dizem os estudiosos que os gatos não entendem uma repreensão ou castigo. Quando um humano age nesse sentido eles pensam algo como: "Que que está acontecendo? Enlouqueceu?". E tão cedo quanto possível voltam a fazer o que faziam antes. Foi exatamente esse pensamento que o Calebe teve enquanto fitava seu pai na mais perfeita perplexidade. Isso provocou uma justificativa por parte do pai.

     —Você já tem bastante aí - apontando para algumas pedras que ele já tinha separado sobre um guardanapo.

     A criança ainda não falava, óbvio, mas o que fez de imediato, dispensou qualquer palavra: De um só puxão no guardanapo atirou longe todas a pedrinhas de gelo e, removida a obstância, voltou-se para o isopor, para apanhar outras, sem sequer olhar para seu pai.

 

 

Original enviado há exatamente uma década, em 12/09/2012: Peraltices do Calebe III

 

Chico Chagoso
Enviado por Chico Chagoso em 12/09/2022
Alterado em 12/09/2022
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