Recanto do Chagoso
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Discurso de Posse na ABLAM

Discurso

 

     Senhor Presidente da Academia Brasileira de Letras e Artes Minimalistas - ABLAM, Membros da Diretoria, Acadêmicos, Postulantes a Acadêmicos, senhoras e senhores,

 

     A criação de uma academia com o escopo da ABLAM é sem dúvida alguma um advento inusitado. A primeira do Brasil, considerando-se todas as esferas e instâncias. Talvez a primeira do Mundo. Ao mesmo tempo é por demais alvissareira a proposta de sua constituição. Confesso que nunca passou pela minha cabeça algo de tamanha envergadura. Contudo, sempre senti a necessidade de alguma instituição para ser referência na poesia minimalista de forma que essa instituição não sendo regulamentadora pelo menos se prestasse ao papel de orientação.

     Sempre fui de pensar que uma coisa só existe oficialmente se estiver definida em algum documento. E que esse documento deve ter a chancela de uma instituição competente. Dito isto, quero inicialmente parabenizar os criadores da ABLAM por tão brilhante projeto e também pela execução da principal fase desse projeto. Quebrando o protocolo de sequência deste discurso, quero, de antemão, me comprometer com a continuidade da concretização da obra.

     Falar da minha satisfação de integrar essa dileta confraria, senhor Presidente, senhoras e senhores presentes, é correr o risco de ser inconcluso, de dizer pouco. Não encontro adjetivos que satisfaçam a descrição da minha alegria. Resta-me então, dizer que estarei pronto para que minha colaboração corresponda ao privilégio de ter sido aceito como integrante. Que de alguma forma o minimalismo seja enaltecido e fortalecido com esse advento.

     Sou aposentado. Embora tenha iniciado minha escalada literária ainda na atividade de trabalho, foi nesta nova fase que alcei melhores voos. Sou poeta, contista e cronista. Estudo a chamada poesia minimalista e cordéis. Criei algumas modalidades de poemas que considero minimalistas, entre os quais o "Munduri", sobre o qual já publiquei um livro. Outras modalidades estão devidamente registradas no repositório Recanto das Letras, na minha pasta Teoria Literária. Além do livro citado também publiquei um outro de Contos Crônicas e Poemas intitulado "Velha Porto Velho - Contos, Crônicas e Poemas". Ambos pela Amazon.com. Ainda no campo dos livros participei de várias antologias com contos, crônicas e poemas e fui o organizador e colaborador da antologia "ACLER - Antologia 2017", uma coletânea com obras de acadêmicos da Academia de Letras de Rondônia - ACLER.

Sou membro da Academia de Letras de Rondônia - ACLER, ocupante da cadeira número 11, cujo patrono é o Marechal Candido Mariano da Silva Rondon. Na ACLER sou o atual presidente no segundo mandato que termina em dezembro próximo.

     Voltando para nossa ABLAM, não escolhi o meu Patrono, embora eu, assim como todos os demais sejamos os rimeiros acadêmicos a ocuparem suas respectivas cadeiras. Não escolhi, mas tive sorte. Vejam que já participei de várias antologias, organizei uma e estou elaborando uma outra. E quando iniciei uma pequena pesquisa sobre o meu patrono, eis que me deparo com um título, não oficial, mas muito interessante e defendido por muitos: "O maior antologista do Brasil". Este é o saudoso poeta, escritor e antologista Aparício Fernandes de Oliveira, ou simplesmente Aparício Fernandes, patrono da Cadeira número 18 da Academia Brasileira de Poesia e Artes Minimalistas — ABLAM

     Aparício Fernandes nasceu em 16 de dezembro de 1934, na cidade de Acari, RN. Logo cedo mudou-se para Macau, no litoral norte do estado, onde viveu praticamente toda a adolescência. Aos 17 anos foi para o Rio, em janeiro de 1952. No dia que completou 33 anos se casou com Adelina Maria, com quem teve dois filhos, Maria Verônica e André.

     Aparício Fernandes foi colaborador em diversos jornais e revistas e também emissoras de rádio, chegando a ser o redator de um programa de divulgação de trovas, na Rádio Globo. Juntamente com Zalkind Piatigorsky organizou a Coleção "Trovas e Trovadores", com 22 livros de trovas de autores nacionais, em 1962. Em 1965 a dupla uniu-se a Magdalena Léa e os três lançaram a Coleção "Trovas do Brasil" - 12 volumes, de vários autores. Além disso, Aparício Fernandes publicou cerca de 60 livros.

     Aparício nos deixou muito cedo, aos sessenta e um anos de idade, vítima de câncer, no dia , 09 de janeiro de 1996, no Rio de Janeiro.

     Senhor Presidente, senhoras e senhores, é este o peso da responsabilidade que foi lançado em minhas costas: o de ter como Patrono uma pessoa com este legado. E é com este entendimento que quero mais uma vez agradecer a honra de ter sido contemplado e de ter recebido como Patrono Aparício Fernandes. Que as palavras do juramento que fiz não sejam vãs, que não sejam uma mera formalidade. Mas que ecoem sempre e sejam realmente um postulado daquilo que farei enquanto acadêmico. Tenho um pensamento pelo qual ninguém chega a lugar algum sozinho. Sequer sai do ventre materno. E por isso tudo devemos sempre agradecer àqueles que nos ajudam, sobremaneira àqueles que nos estendem as mãos. Minha lista de pessoas a quem sou grato foge à minha capacidade de memorização e não caberia aqui nesta cerimônia. Por isso quero, simbolicamente, agradecer a todos que de uma forma ou de outra me fizeram chegar aqui, sendo coerente à natureza minimalista da ABLAM, dizendo simplesmente “Obrigado”.

Brasil, 17 de outubro de 2021

 

Chico Chagoso
Enviado por Chico Chagoso em 15/10/2022
Alterado em 16/10/2022
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