Homenagem
O ano começara com a dupla função importante de encerramento, do século 20 e do segundo milênio. Mas isso é só pra encher linguiça e não deixar essa micro, nano crônica.
Era uma quinta feira e o serviço estava pesado. Muita coisa por fazer e pouco tempo para isso. De repente, toca o telefone! Meu chefe atende e depois de alguns segundos brada: "Ou Chagas! Tua neta acabou de nascer!" Aquelas palavras cortaram o ar e atingiram a camada mais profunda na minha existência. Eram muito fortes. O efeito era desastroso. "Como assim? De um instante para outro eu estava deixando de ser jovem (que era como me sentia) para ser avô?". Não podia ser... ainda tentei me safar, fugindo dos olhares dos colegas, perguntando: "Neta? Como assim?".
- Ora como assim. Tua filha não tava grávida?
- Sim, quer dizer está gravida sim...
- Pois agora não está mais. E mais, agora ela é mãe, e pela lógica, meu amigo... voê é avô.
Ainda tentei me sair pela tangente, mas as palmas tomaram conta da sala e em seguida as felicitações... Comecei a gostar da ideia , mas um pé ainda estava atrás...
- Pô, meu. Como você me dá uma notícia assim, desse quilate... nem me preparou?
- Você queria que dissesse tipo "o gato subiu no telhado"?
- Que tal: "Tua filha deu a luz"? Ou "A filha da tua filha nasceu"?
Ainda levei algum tempo para me acostumar com o novo título de "avô", mas confesso, é um tíitulo maravilhos. A criança que nasceu naquele dia, hoje faz 23 anos. Mas inda detenho o título de avô. Melhor que isso só o de "vô".
Para Manu
01/03/2023