Homenagem
Há exatos duzentos e três anos um Príncipe Regente dizia "... já que é assim, então espalhe por aí que eu fico". Era nove de janeiro de 1822 e a data ficou conhecida como o Dia do Fico.
Passados mais de cem anos do ocorrido foi a vez de um brasileiro, legítimo, "dar as caras" ao mundo e dizer fico, na mesma data emblemática. E ficou para o bem de muitos. Um homem do bem...
Alguns poucos anos mais tardes, no mesmo nove de janeiro, foi a vez daquele ser abençoado falar para uma bela jovem que ficava. Que ficava com ela para o que desse e viesse. Em resposta ouviu outro "Fico". E ficou. E ficaram.
Muitos anos depois o mesmo homem do bem, veio para Rondônia e disse: "Acho que vou ficar por aqui, em Porto Velho. E agora eu entro nessa história, pois ele sendo colega de trabalho acabou por ficar onde eu estava. E ficamos muito amigos.
Quando meu filho Caio tinha cerca de dois anos o dito homem, naquele momento já meu amigo, disse: "Quero ficar com a vela branca no batizado do Canhotaço (apelido carinhoso que ele deu para meu filho Caio Tasso). Não entendi muito a mensagem mas ele explicou: "É o padrinho que oferece a vela branca...". E assim ficou prometido.
Minha precária relação com a religião, não ensejou a solenidade prometida, mas desde então as nossas famílias passaram aos status de afilhado e compadres e comadres. Em um de seus espirituosos momentos disse que éramos combispos, "uma instância superior a compadres..." e assim ficamos combispos.
A vida acabou nos afastando fisicamente, pois meu combispo voltou pra sua cidade de origem. Na virada do milênio, ele visitou Porto Velho e ficamos uma bela tarde em conversas saudosistas, numa reunião entre nós e nossas esposas. Foi uma conversa boa onde pude dizer da minha admiração e da gratidão por ter tido o privilégio da sua convivência. Disse também que fora meu guru, embora nem tivesse percebido, em muitos assuntos.
Após essa ocasião e não muito depois o Todo Poderoso, entendendo que a missão estava cumprida por aqui, chamou meu amigo para ficar mais perto Dele. Com certeza tinha outras missões para ele. Apesar de tudo, da ida prematura, ele ficou no nosso pensamento, no nosso coração, ad aeternum.
E assim, aqui fica minha singela homenagem meu combispo Sálvio Felber, in memoriam, saudando minha combispa Norma Drabzinski Felber pelas bodas que hoje o casal comemoraria.